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Veja como a família Martinson descobriu como viajar com seus filhos adolescentes acabou se tornando uma experiência inesquecível.

Um dos clichês mais batidos é o de que adolescentes são difíceis. Quem já viu um filme hollywoodiano, leu um romance barato ou tem até 50 anos pode repetir essa banalidade o quanto quiser. Sendo pais de dois garotos (um de 18 e outro de 16), minha esposa Veronica e eu temos a sensação de termos vivido esse clichê pelos últimos anos. Tudo isso para dizer que quando percebemos que, se não fizéssemos uma viagem final em família naquele momento para a Europa – enquanto os garotos ainda eram relativamente jovens – não faríamos mais. Nós dois relutamos. Eu disse: “mas e se eles só quiserem dormir o dia todo?” Veronica falou: “e o que faremos com eles? Eu não quero arrastá-los para museus, porque eles não vão achar interessante.” Algum tempo depois, na mesma noite depois de decidirmos embarcar nessa viagem, eu disse para mim mesmo, “no que estamos nos metendo…?”

Hoje, enquanto escrevo este artigo, faz três semanas desde que voltamos para casa. Quando eu me lembro dos receios que Veronica e eu tivemos, vejo como esse clichê estúpido estava enraizado em nós. Quem dera soubéssemos antes, mas certamente sabemos agora. O motivo é simples: viajar para a Europa com dois adolescentes foi uma das melhores experiências que Veronica e eu já tivemos (e olha que nós demos duas voltas ao mundo). Nossos garotos, Dylan e Sebastian, foram companheiros de viagem perfeitos. Ainda bem jovens para se deslumbrarem com o esplendor e os pequenos charmes da Europa, mas já bem crescidos para fazer coisas corajosas, fomos o quarteto de viagem perfeito.

Embora Veronica e eu não pudéssemos compensar por nossa hesitação — e certamente nos arrependemos por isso! — O que podemos fazer é compartilhar tudo o que tornou nossa viagem inesquecível com todos. E é exatamente isso que estamos fazendo neste artigo. Continue lendo e descubra as três coisas que a nossa família (quase) adulta amou na Europa!

Mergulho na Bulgária  

Há muitos anos, Veronica e eu recebemos uma certificação para mergulhar em águas abertas. Adoramos mergulhar sob a superfície para sentir a água fresca e nadar entre os peixes e os corais. No entanto, com as crianças e o nosso trabalho, nossos dias de mergulho foram ficando para trás. Então, quando estávamos nos livrando de umas coisas antes de viajar, nosso primogênito Dylan achou uma foto em que Veronica e eu posávamos com nossas roupas e equipamentos de mergulho. Ele ficou impressionado em saber que temos uma certificação e também queria tirar uma. Um pouco depois, Sebastian deu sua palavra de apoio. Quando eu lembro disso, essa chama de interesse dos nossos filhos pode ter sido a momento em que Veronica e eu decidimos que uma viagem com foco neles poderia ser divertida para todos nós.

Três meses depois, lá estávamos nós quatro vestindo roupas de mergulho em uma praia na Bulgária e testando os fluxos dos nossos tanques de oxigênio. Como vocês podem imaginar, Veronica e eu precisávamos de uma reciclagem, e com o Dylan e o Sebastian precisando de uma certificação geral, decidimos aproveitar essa oportunidade como uma família. Aprendemos todas as habilidades com nosso instrutor: como equalizar os ouvidos, trocar entre o regulador primário (com o qual respiramos) para o reserva, limpar nossas máscaras, entre outras coisas. Foi a atividade perfeita em família. Juntos, aprendemos habilidades, ajudamos uns aos outros e exploramos lugares novos. Talvez o melhor de tudo é que a Bulgária tem um mar deslumbrante para se explorar. Dito isso, o que o Dylan e o Sebastian mais queriam era mergulhar em um naufrágio. Depois de três dias de treinamento, nossos dois garotos já tinham certificação para mergulhar em águas abertas, enquanto Veronica e eu já estávamos prontos. Dois dias antes da partida (contando um ou dois dias para a descompressão antes do voo), marcamos um mergulho numa antiga ruína romana submersa. Fomos proibidos de nos aproximar da ruína por um bom motivo, mas vê-la de uns metros acima foi incrível. Havia tanta história diante de nós, e em vez de nos espremer entre outros turistas para dar uma olhada, só havia nós quatro na água completamente calma — exceto, é claro, pelo som da nossa euforia.

Um mergulhador a descobrir a fauna debaixo de água.
Um mergulhador a descobrir a fauna debaixo de água.

Rafting em troncos, rio Drava, Eslovênia 

Ainda sentindo o sal e o sol na pele, demos adeus à Bulgária e partimos de trem para o oeste da Eslovênia, rumo ao rio chamado Drava. Viajar de trem em vez de avião da Bulgária para a Eslovênia foi uma sábia decisão. Além de ter sido uma escolha ecologicamente correta, também foi divertida — percorremos vários países e admiramos a mudança de paisagens. Também curtimos bastante esse momento em família na nossa cabine.    

Na segunda parte da jornada, deixamos Dylan e Sebastian escolher o que faríamos. Dentre todas as opções possíveis, eles escolheram rafting em troncos. Se você é como eu, deve estar se perguntando que coisa é essa. Deixa eu explicar melhor: no rafting em troncos usamos madeira para construir uma jangada forte com nossas próprias mãos. Isso é feito no começo da viagem. Para a nossa surpresa, Dylan e Sebastian entraram de cabeça no processo, fizeram um monte de perguntas para o nosso guia e resmungaram entre si sobre o formato ideal da embarcação. Com tudo construído e atado, embarcamos e iniciamos nossa jornada pela antiga rota sobre a jangada. Percorremos o rio por dois dias e vimos hábitats totalmente remotos aos quais jamais teríamos acesso de outra forma. Quando chegamos ao fim da nossa seção do rio, partimos nossa jangada para que outras pessoas pudessem desfrutar da mesma experiência. Essa viagem nos impressionou não só por ter sido ecologicamente correta — usamos e reutilizamos materiais locais sem deixar pegada ecológica — mas também como uma jornada ideal com adolescentes. Eles se sentiram capacitados para participar e até ficar à frente da viagem, mas também foi uma experiência bem física e empolgante para envolvê-los completamente.

Rafting no rio Drava, Eslovénia © Vesna Male, Feel Slovenia
Rafting no rio Drava, Eslovénia © Vesna Male, Feel Slovenia

La Tomatina, Espanha

Se seus filhos adolescentes são parecidos com os nossos, se há uma boa desculpa para uma guerra de comida, eles vão com tudo (uma vez eu os peguei jogando gelo um no outro). Eu nunca tinha visto Dylan e Sebastian tão fascinados quando eles souberam que existe um lugar em que se pode jogar tomates em praticamente qualquer um por perto durante um dia do ano. Esse evento, naturalmente, é a La Tomatina, que é realizada em Buñol, na Espanha.

A La Tomatina começou em 1945 como uma guerra de comida improvisada. Nos quase 80 anos que se passaram desde então ela se tornou um fenômeno especial. Realizado na última quarta-feira de agosto, o evento começa com uma competição de quem consegue subir em um mastro e pegar um presunto defumado no topo. Depois que alguém pega o presunto, chega a hora de jogar os tomates.

Considerando que minha esposa é um pouco introvertida, eu não tinha muita certeza de como ela reagiria àquele monte de polpa de tomate, gente ensopada e, de vez em quando, algum cântico de torcida de futebol. Contudo, depois que pegaram o presunto, ela entrou no clima e acertou um tomate bem na minha cara. Dylan e Sebastian se inspiraram com a mãe e caíram na brincadeira. Logo, nós quatro estávamos cobertos de polpa e cheios de dor de tanto rir. Cheios de energia e vontade, os garotos começaram a disputar quem podia jogar um tomate mais longe. Eu não sei quem ganhou. Eu estava muito ocupado tirando polpa dos olhos.

E essa foi nossa viagem perfeita com nossos dois meninos para a Europa. Quando Veronica e eu relembramos àqueles dias de ceticismo, coramos de vergonha. Essas experiências ficarão para toda a vida, especialmente quando pensamos que ela poderia ter sido a última viagem em família com os meninos enquanto ainda eram…bem…meninos.

Matthew and Veronica Martinson, Minneapolis, Minnesota. 

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